domingo, 17 de março de 2013
Coração vazio, mãos frias.
Ignora a cama vazia, o desejo. Ignora as noites insones e o frio que percorre a espinha. Ignora as vontades, a sanidade e também o bom senso. Ignora tudo - até a saudade, - mas não o desespero.
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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
Por quanto tempo você irá ficar longe das lâminas, das janelas?
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terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Cem pés.
Nicotina faz falta umas horas. Transformar fumaça em nuvem, fingir que é
lua. Acordar nua. Às vezes o tempo passa, você não acha graça, mas tá
sempre ali. Não diz que tá sozinha, não mente. A gente sabe que entre
uma tragada e outra o espirito se preenche. Só sente. Deixa fluir,
transbordar. Essa viagem toda pelas veias vai te acalmar. Quem sabe o
túmulo te traga a paz. Desculpa, eu disse túmulo? Era tumulto. Mas a
verdade é que não se sabe, e antes que o dia acabe tu vai dizer. Eu sei
que aquela fumaça fez bem pra você. Quer outro cigarro? Acho que eu tô é
procurando uma desculpa pra não acabar sozinha. Na vida? Não, não... O
maço. Eu não aguento. Leva um pouco de calmaria também, faz bem.
Pensando melhor, traz de volta. Despeja tudo aquilo que não importa e me
traz um pouco de paz e calma. Ah, me traz mais um maço também. Um não, melhor
dois. A noite é longa.
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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
It's a virus of silence
O silêncio gritava. Três palavras ecoavam dentro de
sua cabeça, procurando por uma saída. Eu, você e a outra mudava rápido
demais para que ela conseguisse tomar uma decisão. Nunca sentira-se tão
sufocada quanto agora, presa em suas próprias palavras. Paralisada,
impotente, covarde. Não disse por medo; de sentir, de viver, de você. E
agora ecoa, ricocheteia nas paredes e volta pro mesmo ponto. A culpa consome e a vontade corrói, mas a covardia é maior. Foi-se, não existe mais. Quem? A coragem, a vontade, os segredos. É um punhado de nada, de pó. É ninguém; não soube ser. Perdida em um poço tão profundo quanto dois olhos podem ser, morreu. Sem uma palavra. Sem sentimentos. Morreu sem lágrimas, sem dor. E tudo que restou foi o silêncio; tomando conta do quarto, do corpo e de seus já não existentes pensamentos. O silêncio e eu, que a encarava, que desejava não terminar como ela... E não dizia nada.
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quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Death is in love with us.
E as mentiras que o acompanharam durante uma vida seriam também agora
despejadas sobre seu túmulo. O egoísmo de seu assassino lhe negara a
possibilidade de conhecer qualquer coisa além da indiferença; ele o
amava, porém não era capaz de compartilhar seu mais precioso bem com o
mundo. Memórias seriam o suficiente para fazer palpitar seu coração e
manter qualquer resquício de humanidade que existia em si intacto.
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quarta-feira, 14 de novembro de 2012
The bolt has entered into my soul; and I felt then
that I should survive to exhibit what I shall soon cease to be - a
miserable spectacle of wrecked humanity, pitiable to others, and
intolerable to myself.
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sábado, 3 de novembro de 2012
Villa Del Refugio
Eu gostaria de conseguir me prender a alguma coisa além dela por mais de seis meses. Essa inconstância toda me tortura, mas parece que eu desacostumei a viver de monotonia. A rotina me cansa, a reciprocidade
é entediante e o conhecido me angustia. Eu preciso de algo novo, de
algo forte. É engraçado, porque essa coisa que me dilacera o peito seria
o suficiente pra suprir todos os meus desejos, mas você continua a
segurando enquanto eu preciso tentar acalmá-la com os corações alheios. O
único problema é: as pessoas me dão tédio.
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sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Desertos
E sobre a dor, quem conta? Não é
sempre que a gente se encontra perdido em meio a um deserto, pedindo por algo
que não seja tão incerto.
É só olhar. Quando
o vermelho dos meus lábios tocar o azul pálido dos teus, aí explode o que o
tempo quis. Talvez seja só o acaso querendo repousar tua dor em mim - o que eu
aceito de bom grado se for pra ver esse arco-íris girando outra vez no ar. E
aos poucos meu sorriso surge perdido entre os teus cachos negros, embalado
pelos sonhos que existem no tom da tua voz.
E aí a gente já não pensa mais em dor. Com o
peito estufado, os olhos lavados e os sorrisos grudados, a gente só quer dançar
enquanto a poeira puder cobrir.
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quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Fragmentos;
[...]E então eu tive esse sonho estranho ontem à noite. Eu via o seu
reflexo no espelho, via ele sendo devorado pelo oceano. O espelho
funcionava como uma espécie de janela entre nós, mas eu também estava me
afogando. Talvez fossem somente as lágrimas salgadas e a asfixia que eu
sentia por estar a perdendo, mas eu estava me afogando; não importa se
na tristeza ou no mar ou nas lágrimas. Você estava partindo, e eu queria
partir também.[...]
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terça-feira, 9 de outubro de 2012
Sou
Sou é uma alma errante, dividida. O vazio transformado em universo. A
sombra solitária em busca de companhia entre as pessoas apressadas que
não são capazes de notá-la. Também os fragmentos de cristal espalhados
pelo chão. Não existe conserto para o seu defeito de ser, e, se você a
quiser, deve aceita-lá deste modo: quebrada.
Sou não é capaz de dar vida a ninguém, somente a tomar. Drena
qualquer resquício de vida ou sentimento que você tenha a oferecer. Sou é
um ser cruel, insensível e mesquinho. Egoísta.
Nada além de Sou importa.
Nada além de Sou é necessário.
Mas, ainda assim, quer tudo que está além de ser.
Quer o mundo. E irá tê-lo.
Marcadores: Sou
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